Yamandú Orsi será o novo presidente do Uruguai. Com o apoio do ex-presidente José “Pepe” Mujica, ele vence o candidato da coalização de direita Álvaro Delgado no segundo turno das eleições presidenciais uruguaias realizado neste domingo (24).
Segundo as principais projeções deste segundo turno, a disputa foi acirrada. O instituto La Usina, contratado pelo jornal La Diaria, estima 50,2% dos votos para Orsi, contra 45,6% de Delgado. De acordo com o levantamento da consultoria Equipos, Orsi tem 49%, e Álvaro Delgado marca 46,6%. Já a Opción coloca o frente-amplista com 48,7%, e o centro-direitista com 46,7%.
Com esse resultado, o Uruguai voltará a ter um presidente de esquerda após cinco anos.
Em 2020, Tabaré Vázquez, que também havia sido apoiado por Mujica, encerrou seu mandato e passou a presidência para Luis Alberto Lacalle Pou, de direita. Lacalle Pou apoiou Delgado nesta eleição. Delgado foi seu secretário na Presidência.
Orsi já havia vencido Delgado no primeiro turno desta eleição. Neste domingo, confirmou seu favoritismo e acabou eleito.
Sucessor de Mujica
Yamandú Ramón Antonio Orsi Martínez, 57 anos, é apadrinhado pelo popular ex-presidente Mujica. Nasceu na zona rural, em uma casa sem luz, e cresceu na pequena cidade de Canelones, onde estudou em escola pública.
Em 1991, formou-se professor de História e lecionou em escolas de Ensino Médio do interior até 2005, quando iniciou sua carreira no governo de Canelones, primeiro como secretário-geral por quase 10 anos e depois como prefeito por dois mandatos.
Ele renunciou ao cargo para disputar as internas partidárias de junho, que venceu com mais de 60% dos votos, superando em muito a ex-prefeita de Montevidéu Carolina Cosse, que contava com o apoio de comunistas e socialistas e se tornou sua companheira de chapa.
Quando jovem, Orsi cuidava da loja de seus pais, foi coroinha na Igreja Católica e dançarino de folclore. Em 1989, aderiu ao Movimento de Participação Popular fundado por Mujica. Ele foi casado duas vezes, a última com a mãe de seus filhos gêmeos de 11 anos.
Com perfil moderado, diz que se prepara para ser presidente há muito tempo. No entanto, não apresentou um plano de governo antes das eleições, o que suscitou críticas. Ele também foi questionado por não participar de debates ou conceder entrevistas a diversos veículos de comunicação.
Orsi pode ser o responsável por levar a Frente Ampla de volta ao poder no Uruguai após a esquerda perder o governo em 2020 para a coalizão de direita liderada por Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional. A mudança marcou o fim da chamada “onda rosa” de 15 anos no Uruguai, como foi chamado o período da América Latina com grande ascensão das lideranças de esquerda.
Embora o atual governo tenha uma orientação neoliberal e defenda a redução do papel do Estado na sociedade, Lacalle Pou não conseguiu revogar diversas conquistas alcançadas durante os anos de governos progressistas.
Edição: Rodrigo Chagas