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Liderança negra de Minas Gerais, Makota Celinha recebe título

Honraria será concedida no Dia da Consciência Negra; homenageada é colunista do Brasil de Fato MG

Célia Gonçalves Souza, mais conhecida como Makota Celinha, é jornalista, professora, militante, ativista social, coordenadora do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro Brasileira (Cenarab) e colunista do Brasil de Fato MG. Essas são algumas de suas nomeações, mas que não a resumem. Makota Celinha vai muito além. E, por essa razão, a Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) concedeu a Célia o título de Doutora Honoris Causa, honraria máxima concedida pela academia a personalidades que tenham se destacado nos âmbitos da cultura, da educação ou da humanidade.

Histórias e caminhos

Célia Gonçalves nasceu em Belo Horizonte, em 1963, e é a caçula de 15 irmãos. Em entrevista ao Brasil de Fato MG, ela destaca, em diversos momentos, a importância que seu pai, Aderval Souza, teve na sua criação e na de seus irmãos.

“Meu pai foi o meu maior incentivador. Foi um entusiasta da minha militância na esquerda. Sempre muito solidário”, comenta.

Aderval era alfaiate e semianalfabeto, e foi ele quem provocou em Célia o amor pelas pautas sociais.

“Meu pai foi um dos fundadores do PT, foi um dos primeiros filiados. Sempre esteve ligado a essas pautas e fazia parte dos sindicatos. Por isso, eu também me inseri”, relembra.

No entanto, Célia revela que, mesmo com muita luta, as dificuldades continuaram sendo presentes em sua vida e na de sua família. Makota relata que seu pai era quem sustentava a família, mesmo com um salário mínimo. “A casa que nos mudamos, no bairro Nova Vista, não tinha nem telhado”.

Sua mãe era lavadeira e, assim como seu pai, era semianalfabeta. Na escola, Célia revela que era bagunceira. Gostava de conversar e fazer piadas com sua irmã gêmea, Celita Souza, mas sempre tirando boas notas.

Makota fez o magistério e se destacou em seus projetos escolares. Inclusive, uma de suas iniciativas foi vencedora de um programa internacional, que concedeu a ela a bolsa necessária para iniciar a sua etapa de estudos na faculdade com tudo pago.

“A gente era muito levada, mas sempre tiramos boas notas, nunca tomamos bomba. Tanto que eu virei professora”, brinca.

Inserção na academia

Makota Celinha foi a primeira da sua família a entrar em uma universidade, motivo de grande honra e orgulho para seu pai e outros familiares. Contudo, ela revela que passou por muitos desafios e preconceitos.

“Eu enfrentei muitos desafios. Desafio de não ter material, desafio de não ter dinheiro para uma boa bibliografia, desafio de vender pastel, coxinha e empadinha no intervalo da aula para conseguir levantar dinheiro para pagar a passagem”, relata.

Além disso, Célia foi vítima de racismo e exclusão na faculdade. “A academia sempre foi um lugar de muita exclusão, né? E a gente sempre foi muito, muito discriminado nesses espaços. Na minha sala eu era a única preta até minha formatura”, comenta. “Foi lá que eu descobri o racismo”, finaliza ela.

A partir disso, já ligada às pautas populares, ela filiou-se ao Movimento Negro Unificado (MNU) e começou a sua jornada na luta antirracista.

Makota Celinha se formou em 1989. Anos depois, em 1991, surge o Cenarab, organização que ela coordena atualmente.

O Cenarab

O Cenarab surgiu em 1991, no 1° Encontro Nacional de Entidades Negras (ENEN), com o objetivo de lutar pelos direitos do povo negro, tendo como foco principal a luta contra a intolerância religiosa, a discriminação e o preconceito. Makota está no movimento, que se organiza em 18 estados do país, desde a sua fundação.

O centro tem como compromisso “criar e apoiar ações que possam transformar a realidade das comunidades tradicionais na formação de lideranças como forma de combater a intolerância religiosa, o preconceito e a discriminação”.

A premiação

Makota será premiada com o título de Doutora Honoris Causa pela Uneal por ter se destacado na caminhada coletiva pela defesa da cultura afro-brasileira e pela preservação das tradições de matriz africana.

A cerimônia acontece no dia 20 deste mês, às 9h, na Serra da Barriga, em Alagoas, e será uma celebração pelo reconhecimento da luta por direitos do povo negro.

Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Ana Carolina Vasconcelos

 

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